Sinta-se à vontade neste Vil cabaré
O tomo II de V de vingança é, provavelmente, o mais polêmico, controverso e interessante da obra. Nele, os personagens centrais da trama se colocam em um vórtex de acontecimentos que fazem a virada narrativa e colocam em outro patamar cada ponto da estória. O blog quadrinhos a contrapelo inaugura o seu podcast Esse Vil Cabaré, tendo como pano de fundo a desestabilização narrativa do livro homônimo da obra de Alan Moore e David Lloyd. Convidamos todas as pessoas para, muito em breve, entrarem, conversarem, discutirem e, mais que isso, apreciarem Este Vil Cabaré!
Há uma lâmpada quebrada para cada coração na Broadway
A vida é um jogo de luzes que podem ser quebradas
Você recebe fantasias e um resumo da peça… depois é largado para improvisar Nesse Vil Cabaré.
Não mais gatinhos sendo acariciados. Só mandados, formulários, memorandos e ordens de despejo
Há sexo, morte e sujeira humana. Tudo por dez centavos. Os trens, pelo menos, saem na hora certa, mas não vão a lugar nenhum.
Diante de suas responsabilidades, seja de costas ou de joelhos, há senhoras que simplesmente gelam e não ousam partir…
Viúvas que se recusam a chorar vestirão ligas e gravatas-borboletas e aprenderão a levantar bem as pernas neste vil cabaré.
Finalmente o show de 1998! Balé no palco ardente. O documentário visto na tela rasgada…
O poema aterrador rabiscado na página amassada!
Há o policial de alma honesta que conhece a cabeça de quem está no timão.
Ele resmunga e enche seu cachimbo com um sentimento de intranquilidade.
Em seguida, revista os restos rotos de uma impressão digital ou mancha escarlate e empenha-se em ignorar os grilhões que o acorrentam…
Enquanto seu mestre, em trevas próximas, inspeciona as mãos com olhos brutais que jamais fitaram as coxas de uma amante, mas que esganaram a garganta de uma nação.
Ele anseia, em sonhos secretos, o áspero abraço de máquinas cruéis, mas sua amante não é o que parece e não deixará um bilhete.
Finalmente, o show de 1998! A tragédia! A ópera barata! Suspense sem esperança!
A aquarela na galeria inundada!
Há a jovem que quer, mas não pede. Ela está desesperada pelo amor de seu pai. Acredita que a mão soba a luva pode ser a que precisa segurar.
Embora duvide da moralidade de seu anfitrião. Ela decide que será mais feliz na terra do faça o quiser do que se jogada ao relento.
Mas o piano de fundo se rasga, os cenários desaparecem e o elenco é engolido pela peça. Há um assassino na matinê. Há cadáveres na plateia. Os atores e produtores também não estão certos se o show terminou. Com olhares oblíquos, eles esperam suas deixas…
Mas a máscara apenas sorri.
Finalmente o show de 1998! A música tema que ninguém canta! O balé do toque de recolher! A divina comédia!
Os olhos de marionetes estranguladas por suas cordas. Há emoções e calafrios, mulheres em abundância! Há marchinhas e surpresas! Há de tudo e para todos os gostos. Reserve sua poltrona.
Há Perversos e danosos…
Judeus ou crioulos…
Neste carnaval de bastardos…
ESTE VIL CABARÉ!