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Um pouco de Justiça para a Liga


Faz muito tempo que as revistas mensais da Liga da Justiça desafiam nossa resistência de leitura. Passam as equipes criativas, os argumentos, as sagas etc., e tudo continua muito genérico, os personagens mudam completamente em relação a suas publicações mensais e, talvez o pior, as histórias não nos dizem muita coisa – não que elas precisem dizer algo, mas poderiam ao menos nos engajar de alguma forma. Recentemente, como exemplo, a saga Atemporal é a mais próxima de todas essas coisas. Acho até que a premissa é interessante, engajando parte dos acontecimentos futuros da DC, mas os roteiros são ruins, os desenhos irregulares e, talvez até como sintoma dos tempos, a mão editorial, como analogia à famosa mão invisível, deve ter dado o seu equilíbrio natural. O peso dos prazos, dos esquemas de freelancer e muitas outras coisas, por mais que demorem, acabam resvalando nos quadrinhos. Dito isso, faz muito tempo que lemos filmes da Liga da Justiça nos quadrinhos.


Eis que, sem pretensão nenhuma, com muita vontade de pular, leio a revista número 13 publicada pela Panini. Duas histórias entre arcos com equipes criativas diferentes. Duas boas surpresas e fios de esperança. A questão que une as duas, o que não é coincidência, é a personagem que é foco nas aventuras: Jessica Cruz.

A primeira delas é escrita por Shea Fontana, desenhada por Philippe Brione e colorida por Gabe Eltaeb. A premissa é bem simples: Jessica Cruz e Simon Baz tentando provar seu valor como Lanternas Verdes para toda a Liga. Depois de uma missão em que eles tiveram que destruir um asteroide, decisão essa que teve que ser tomada por um erro de decisão da própria Cruz ao se distrair, justamente preocupada com a posição dela na Liga. Em seguida, um inseto, uma espécie de formiga espacial, fixa-se no pescoço da Lanterna para comandar uma pequena invasão de insetos na torre de vigilância (sic). Por mais simplória que a história pareça, ela mostra, ao seu final, como Cruz vence a influência do inseto ao focar em sua força de vontade e conseguir controlar toda a invasão. Um acontecimento marcante, e aqui, o “durante” dos acontecimentos é mais importante que sua conclusão, é que Mulher-Maravilha e Batman reconhecem a importância tanto de Cruz como de Baz e os tratam como membros da Liga. Para uma revista já desgastada e com sagas horrorosas, nada como voltar a simplicidade e explorar personagens tão legais, como é o caso da dupla esmeralda.


A segunda tem algumas pitadas mais complexas, também com foco em Cruz. A liga está lidando com uma ameaça no país fictício da Nomália, no qual um grupo paramilitar quer acabar com o terrorismo acabando com a população local, pessoas potencialmente perigosas. Seu líder luta pelo patriotismo e pela destruição do terrorismo; quase um personagem real em muitos contextos, o nosso principalmente. A sacada do argumento escrito por Tom DeFalco, desenhado por Tom Derenick e colorido por Adriano Lucas é que esse líder fica provocando a Lanterna das mais variadas formas, desde questionar o seu lado até chamá-la de doçura, realmente um personagem muito próximo. No primeiro confronto, ela lança uma rajada contra o líder do Escudo Negro, a organização que havia me referido, e ele devolve essa mesma rajada pela natureza de seu traje, que acionado pela fora dos golpes que recebe. Na queda, ela é lançada para uma casa e acaba quebrando a parede do quarto de uma criança que, em meio ao terror do confronto, lança na Lanterna um olhar de pânico, assustada e com medo do que poderia acontecer. Essa imagem fica na cabeça de Cruz que tem uma série de discussões com Batman e Mulher-Maravilha sobre isso; o impacto do conflito na vida daquela criança, além do próprio pânico, tão recorrente na vida da Lanterna. No final, com inteligência, ela consegue prender o vilão e impedir o genocídio. O diálogo final é um pouco ambíguo, mas coloca os pontos do debate, sobre as vítimas de atos de terrorismo e dos justiçamentos. No fim, temos duas boas histórias da Liga que não são, necessariamente, sobre a Liga. Além de colocarem alguns pontos de reflexão para além dos planetas explodindo, que são legais, mas não todo o mês durante dez anos.

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